
Desde hoje volto a atualizar o blog semanalmente, pelo menos a princípio, eu não sei como vai ser a vida nos próximos meses, mas enquanto o tempo me permitir seguirei postando :)
A foto da esquerda mostra uma pichação na Redenção, em Porto Alegre, e a da direita no colégio Coeducar em Caçapava do Sul.
Aqui em Porto Alegre tudo quanto é lugar é pichado, mas essas pichações que apareceram em Caçapava me chamaram a atenção, por não serem comuns...
Pois bem, analisando o caso específico da foto, “educação burguesa fede”. Pra mim o autor do “manifesto” não deixa a opção de ser respeitado, tendo em vista que a instituição “burguesa” onde a pichação foi feita não visa lucros. Sendo assim, o que ele quer dizer com essa frase? Que linha de pensamento político essa pessoa segue?
Outra frase que apareceu, aparentemente de mesma autoria, em Caçapava, “muro em branco = povo calado”, que parece mostrar a mesma opinião do pichador porto alegrense, que pichar as paredes é um modo de se rebelar... Eu pergunto, contra o que? Contra quem? Qual é a repressão ideológica que esses caras enfrentam?
Grande exemplo da (falta de) politização do povo gaúcho (ou de parte dele). Se por acaso esse texto chegar aos olhos de algum pichador, eu sugiro que pegue um livro e aprenda o que é marxismo, liberalismo ou anarquismo; antes de sair “se rebelando”. Ou então, convido que se manifeste aqui no blog, explicando melhor a sua “causa”, porque até agora o resultado das ações dessa gente, pra mim e acho que pra maioria das pessoas, é de desprezo por essa (pelo menos aparente) ignorância que desrespeita a propriedade alheia.
concordo contigo, adorei o texto :B
ResponderExcluireu quero saber quem pixo a coeducar, ora *pensando*
ResponderExcluirNilinho, uma vez escrevi o seguinte numa discussão com um amigo, sobre aquele menino que foi punido pela professora por ter escrito o próprio nome da parede da sala de aula, lembra? Pra pensarmos juntos. abração.
ResponderExcluirCreio que a pichação é a expressão de um certo tipo de cultura, cultura esta que se molda no espelho da sociedade estabelecida. A pichação é manifestação contracultural, ou subcultural, de grupos desviantes que não possuem os mesmos valores que a sociedade de acolhimento. Nesse sentido, escrever o próprio nome (veja, o menino escreveu o próprio apelido, ele queria se reconhecido) é uma espécie de tentativa de existir, no horizonte de invisibilidade de uma existência adolescente e, portanto, precária. É um grito. Uma tentativa de fugir das diversas formas de aniquilição social, de deixar sua marca num mundo que se apresenta sem sentido. Desta forma, a pichação é uma atitude fundamentalmente política. É um ataque à ordem. Uma profanação. Uma crítica à tentativa de purificação. Para os puristas, representa sujeira. Muros e monumentos pichados diferenciam nossa cidade de Zurich. Apenas diferenciam, não as tornam piores. Para muitos, a vida está no colorido, ou no preto, e não no branco. Que importam os monumentos com bustos de militares assassinos? Devemos mesmo respeitá-los? Por que? Para mim, são bizarros. Com Walter Benjamin, penso que todo monumento à civilização é também um monumento à barbárie. Por isso que penso que compreender a atitude, a partir da própria lógica daquele que picha, é o máximo que posso fazer. Prefiro significar de alguma forma a saudável rebeldia dos jovens, e não julgá-la como nociva e disciplinar ou normalizar o impulso desconstrutor para inseri-lo em seja lá qual “imperativo categórico” . Em suma, não prezo em nada a “ordem” na qual vivemos, e saúdo as desordens. Educar não é disciplinar, mas ensinar a pensar, ou seja, o contrário de discipinar. Educar para transformar. E é claro que existem limites, o limite é o Outro.
Valeu por comentar, Marcelo. Respondendo o que tu disse,
ResponderExcluirEntendo isso de manifestação como forma de 'existir', de 'deixar a sua marca'...
Mas nesse caso da Coeducar, me coloco no lugar das pessoas que trabalham lá, pensando em garantir uma educação de qualidade para os filhos, que fazem o trabalho que o governo cobra pra fazer mas não faz (não faz bem, ao menos...), essa gente chega pra fazer isso e lê uma coisa dessas, tipo, esse é o "obrigado" que eles recebem?
Da mesma forma que o dono de um estabelecimento tem o direito de não ter uma "mensagem" no seu local de trabalho, se ele não quiser.
Esse mundo que se mostra sem sentido fornece meios de ajuda pra quem tem problemas psicológicos, e a liberdade de possuir um muro pra ser pichado, se a necessidade for essa.
Do meu ponto de vista o fato do pichador sentir necessidade de se rebelar é irrelevante, segue sendo um desrespeito. E se eu sentir necessidade de bater em alguém por isso, a minha ânsia me dá o direito de fazer isso? Não. É a mesma coisa.