terça-feira, 15 de setembro de 2009

Contra o nacionalismo gaudério

Semana farroupilha, tempo de ver gente falando de como o Rio Grande é melhor que o Brasil e de como a nossa gente é mais digna que a do resto do país.
Sugiro esse vídeo.
http://www.youtube.com/watch?v=gXP1I3-3DH0

Pessoas são pessoas, de onde quer que sejam. Pra mim, o nacionalismo é tão coerente quanto o racismo.Não entenda mal, não digo nada contra o tradicionalismo, contra os bailes, a pilcha. Mas é preciso saber separar as coisas, saiba, antes de clamar que é a favor do separatismo, o que tu estás defendendo. Sempre penso nisso quando vejo o hino nacional ser abafado pelo do Rio Grande...
Grande bosta ser ou não gaúcho.

5 comentários:

  1. Concordo plenamente. E por incrível que pareça, também vivi sempre em Caçapava do Sul, e por mais conhecidência moro na mesma quadra tua, bizarro não?
    Tu sabes que eu frequento os eventos tradicionalistas não somente nessa semana "comemorativa" de setembro, mas também em outras datas; isso, na minha concepção, me deixa apto a falar sobre "nacionalismo gaúcho" também.
    E o que tenho na minha cabeça é simples: as pessoas, por demagogia ou talvez por um sensacionalismo intelectual, confundem esse período tradicional em nosso calendário com uma ostentação exagerada, quando o certo seria somente conservar a nossa cultura, que embora uns não gostem, eu sinceramente acho muito bonita. Aqui isso é mais esclarecido:

    http://www.youtube.com/watch?v=6C4pW03l4e0

    O que importa não é o vídeo, mas sim os comentários que o seguem.
    Em suma, o que esses comentários mostram é que as pessoas esquecem que o RS também faz parte do Brasil, e que, quando acontece de aparacer roubos absurdos por parte de políticos ou seja o que for, gaúchos e gaúchas também estão metidas no meio.
    Essa história de elevar o RS em relação ao restante é bobagem; o problema é enfiar isso nas cabeças das pessoas.

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  2. Nilo, eu gosto mais do Rio Grande que do Brasil. Não tem nada a ver com o tradicionalismo gaudério, porque sou crítico deste movimento. Acho que é importante cultuarmos a tradição, mas a tradição como modo de vida, implica em prejuízo ao desenvolvimento de novas idéias. O Cau, para mim um gênio, declarou que o atraso das cidades se dá na proporção direta do nº de CTGs que possuem, isto é, quanto mais CTGs, mais atrasadas. Pode não ser bem assim, mas é parecido. Basta ver a diferença gritante no RS, cidades mais tradicionais (metade sul) perderam posições para cidades emergentes em todos os índices de desenvolvimento, inclusive o humano. é uma questão que merece um grande debate. A propósito, tal qual os donos de cachorros, os gauchinhos à cavalo, grande quantidade nesta época do ano, deveriam juntar as bostas produzidas por esses.

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  3. Pois é, tio Fernando; eu também discordo em inúmeras maneiras do modo de pensar do 'gauchinho'. Mas é evidente que a diferença no desenvolvimento entre norte e sul do RS é por causa da existência de colônias de imigrantes aqui na parte norte, o que quebrou o esquema de latifúndio, monocultura, exportação e escravismo já a mais tempo.
    Mas esse não é bem o assunto em questão, tudo bem preferir o RS ao Brasil, mas daí a dizer que as pessoas daqui são 'superiores' ja é outra história...

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  4. Antes de mais nada, parabéns pela iniciativa de escrever o blog. Serei também aqui tua seguidora e interlocutora.
    Sobre o tema proposto, vejo da seguinte maneira: O tradicionalismo, a semana farroupilha e, numa forma mais radical o separatismo, são formas de o povo do sul do Brasil (tu tens que ver a força do tradicionalismo em Santa Catarina... é quase maior que no Rio Grande do Sul) resgatar o orgulho da hombridade. No passado o estado se levantou algumas vezes contra o poder central, tanto no império quanto depois, por não concordar com os desmandos e maracutaias. A gauchada foi lá e amarrou os cavalos no palácio ou criou um novo país. Mas isso, hoje em dia, não tem reflexo NENHUM na sociedade gaúcha atual. A esculhambação com a coisa pública e a falta de vergonha na cara andam por aqui como andam por qualquer lugar do país e um "levante gaúcho" é inimaginável.
    A questão se reduz, então, apenas a um apoio psicológico que nos salvaguarda de ser igual aos que condenamos. Tem o mesmo peso das religiões que colocam seus convertidos como "o povo de Deus", por mais pecados que eles tenham nas costas.
    A preservação da cultura e das tradições é importante e, para isso, é preciso que haja um senso de comunidade. Em certa medida o tradicionalismo cumpre esse papel, mas como acontece em outros tantos lugares, o apego ao modo tradicional de fazer nos deixa mais distantes do modo mais eficiente de proceder... mas essa já é outra história.

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  5. Belo blog Nilinho, já estou a te indicar lá no meu. Penso que não é possível falar "na cultura", pois a cultura é justamente o espaço da permanente mudança, da invenção, das novas idéias. Qualquer tentativa de cristalização de algumas formas de manifestação cultural "na cultura" cerrada e impenetrável, é reacionária. O "gaúcho" nada mais é que uma construção cultural em permanente mudança.

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