quarta-feira, 12 de maio de 2010

Liberdade leva à...

“(…) From it’s first day to this, sheer greed was the driving spirit of civilization; wealth and gain wealth and once more wealth, wealth, not of society, but of the single miserable individual – here was it’s first and final aim. (…)”
(Friedrich Engels, “Chapter IX: Barbarism and Civilization”)

“(…) Doctors, legal experts, priests, poets and scientists have, over the past 150 years, become its* paid servants. It has continued to wipe away the emotions and feelings that in the past have characterized social relationships, reducing them to simple financial relations.”
(Armando Hart) *“it” being the capitalist system

Em português:
“(…) Desde seu primeiro dia até hoje, a ganância pura foi o espírito condutor da civilização; riqueza e ganhar riqueza e mais uma vez riqueza, riqueza, não à sociedade, mas ao insignificante indivíduo – aqui estava seu primeiro e último objetivo. (...) ”
(Friedrich Engels, “Capítulo IX: Barbarismo e Civilização”)**

“(...)Doutores, advogados, padres, poetas e cientistas têm, ao passar dos últimos 150 anos, se tornado seus servidores pagos*. Ele continuou a eliminar as emoções e sentimentos que no passado caracterizavam as relações sociais, reduzindo-as a simples relações financeiras. ”
(Armando Hart) *”Ele” sendo o sistema capitalista.

**Tomei a liberdade de traduzir o título da obra também, mas talvez o seu nome de publicação em português seja outro.

Os textos evidenciam o fato que qualquer um pode perceber, de que atualmente é mais importante correr atrás da máquina que ajudar as pessoas. E aparentemente não há nada que se possa fazer, não sejamos hipócritas.
Hoje (terça-feira), ao voltar pra casa em uma “noite” (20h mais ou menos) um tanto fria após a chuva em Porto Alegre passei por três crianças (aparentavam ter mais ou menos dez, doze anos) descalças caminhando pela Independência, carregando sacos de lixo, mal vestidas (O termo criança, na prática, já não é mais correto, evidentemente)... Relato isso só pra personalizar o caso, pois todos sabem da imensidão da população que vive nas ruas ou em más condições.

E aí que se cai novamente naquela conversa de que o sistema se apóia em uma classe e daí a injustiça de que enquanto pessoas bem nascidas passeiam pela vida, outras passam fome...

Argumentarão que infelizmente isso é assim mesmo, que não tem o que fazer, que o ideal desses caras que eu cito (o socialismo) já foi testado e reprovado e tal...

Mais que isso, que o sistema socialista, em ordem de manter boas condições de vida a todos sufocava sua população a ponto de fazê-los quererem fugir de suas próprias casas (a exemplo da Alemanha oriental), daí provando mais uma vez que o indivíduo não se importa com a fome dos seus semelhantes. Não mais que com seu bem-estar, pelo menos.
Exemplificando um pouco as maneiras, pelo menos em teoria, que se impedia a injustiça social:
- uma menininha que vive em um sistema socialista quer ter mil pares de sapato. O sistema entende que é um desperdício de riqueza e que é desnecessário que uma pessoa só tenha tantos pares de sapato e impossibilita a realização deste “sonho”, desestimulando a luxúria e a arrogância, enquanto impossibilita a menina de esnobar as outras meninas. Resultado: todos têm seus sapatos, mas com uma grande chance de insatisfação.
- Uma menininha que vive em um sistema capitalista quer ter mil pares de sapato. Caso alguém aceite pagar o preço de mil pares de sapato pra ela (pai, marido...) ela os têm sem muito esforço e vive feliz enquanto nutre suas necessidades de se afirmar diante da sociedade, demonstrando “poder”. Caso ninguém se sujeite a pagar por ela os pares, ela é livre para trabalhar para tal, chegando ao seu objetivo somente esforçando-se muito, certamente precisando impedir o crescimento de outro para que ela possa crescer financeiramente.
Resultado: ela vive feliz não só pelo seu patrimônio, mas também pelo orgulho de ter provado ser capaz de realizar tal feito, enquanto outras tantas não têm esse privilégio. (notando a importância dessa última frase, o “gostinho” só existe enquanto existe a exclusão).

É discutível também se a justiça social do marxismo é realmente justa. Não é mais justo que quem trabalha pelo que quer consiga, e quem não trabalha não?
Pensando assim até faz sentido, porém o sistema capitalista admite herança como algo legítimo. É justo que o filho de um rico tenha uma formação melhor, uma saúde melhor? Note como ao passar das gerações cria-se uma injustiça enorme, o recém nascido não tem culpa de ter vindo ao mundo nas mãos de incompetentes!

Onde quero chegar com tudo isso é que... As pessoas lutaram para que fossem livres e pudessem escolher o que fazer de suas vidas, abrindo mão de uma garantia de qualidade de vida providenciada por outros, preferiram “confiar no taco”, digamos assim... O que gerou e segue gerando, invariavelmente, péssima qualidade de vida e exploração àqueles que não souberam agir da melhor maneira, de modo a perder sua riqueza e comprometendo seus descendentes. Portanto conclui-se que a liberdade... leva à injustiça!?

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